São 200 dias de aula de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Depois, chegam as férias de verão, cerca de 45 dias consagrados ao descanso. É um ritual que se repete, nesta época do ano, por todo o Brasil. Mas há quem continue a se perguntar se essa pausa, longa pausa, tem de fato sua importância, repercutindo positivamente no desempenho escolar, seja qual for a idade do aluno.
A resposta? Sim. E ela vem embasada na opinião, entre outros, de profissionais da rede privada de ensino de São Paulo - por sinal, especialistas a serviço de alguns dos melhores endereços da cidade. "O descanso permite fazer reflexões que a rotina diária impede", ressalta Áurea Bazzi, coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Albert Sabin. "Com o distanciamento do ambiente escolar, o aluno faz outra leitura, ele apreende diferentemente os conteúdos transmitidos durante o ano letivo", acrescenta Marta Campos, coordenadora de comunicação da Escola Viva.
É mais ou menos assim: se a criança chega à escola já ciente de que a água ferve sob a ação do fogo, será na sala de aula que ela vai entender as razões científicas desse processo - conteúdo que irá "digerir", quando tiver tempo livre para pensar. Essa ideia de usar o tempo em proveito próprio, sem o esforço de produzir (e ter de se destacar), é vital para o equilíbrio emocional e cognitivo da criança - e também do jovem, na opinião da pedagoga Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisa do Brincar, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). "Imagine o estresse que o jovem enfrenta na fase que antecede o vestibular... Ele precisa de uma pausa mais do que todos!", alerta. Para Maria Ângela, esse é o momento adequado "... de a família se programar para passar alguns dias próximos, dedicando-se ao lazer", sugere. "Férias significa isso, ficar junto, brincar junto, tanto faz a idade... A mãe, que faz um bolo com a filha, o pai, que anda de bicicleta com o filho e o cachorro...", exemplifica Áurea. "O período de férias não é perda de tempo, mas sim tempo dedicado ao lúdico", conclui.
Há, no entanto, o pai e a mãe interessados em aproveitar a pausa para "equipar" seus filhos de mais informação, inscrevendo a garotada em cursos especiais durante as férias. "São pais preocupados em tornar os filhos capazes de sobreviver o quanto antes no mercado de trabalho competitivo", aponta Marta Campos. "Só que eles deixam de lado o fato de que nem tudo se adquire estudando, mas sim vivenciando na pele o que acontece de modo imprevisível, a situação inédita."
Moral da história? Quanto maior o ócio, maior a possibilidade de a criança e/ou o jovem recuperar o fôlego e voltar "tinindo" para o novo ano escolar. Outra razão de reavivar as ideias de Domenico de Masi, sociólogo italiano e autor de "O ócio criativo", entre outros livros. "A plenitude da atividade humana é alcançada somente quando nela coincidem, se acumulam, se exaltam e se mesclam o trabalho, o estudo e o jogo; isto é, quando nós trabalhamos, aprendemos e nos divertimos, tudo ao mesmo tempo...".
Para ser lembrado todos os dias, nos lares brasileiros, às refeições.
Fonte: educarparacrescer.com.br
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