Nome: Izabela Filgueira de Medeiros
Formação: Licenciatura Plena em História
Locais de Trabalho: Escolas Particulares: GEO – Garcia e
Brito, Colégio Ideal, Ciclo de Aprendizagem Positivo – CAP
Escolas Estaduais e Municipais do RN (em Mossoró e Tibau -
Estágio e contrato temporário): E.E. Vingt Rosado, E.E. José de Freitas Nobre,
E.E. Aída Ramalho, E.E. Rui Barbosa, E.M. Sagrado Coração de Maria.
1 -
Pra iniciar, como você avalia o processo educacional brasileiro?
O processo educacional brasileiro vive num
dilema, pois o nosso país não vê a educação como prioridade. O Governo quer
cidadãos que não contestem, não tenham boa educação, pois cidadãos conscientes
são sinônimo de revolução, de cobrança por melhorias. Dessa forma o professor
não precisa ser bem remunerado, os alunos e colegas de trabalho não precisam
respeitar, e os pais não veem a escola como aliada.
2 -
Segundo Paulo Freire, não existe educação sem amor. Você concorda?
É preciso ter muito amor para trabalhar de
forma quase filantrópica, passar por cima de todos os problemas e ainda
conseguir enxergar o outro como sujeito que necessita de sua ajuda, mesmo ele
achando que não precisa de você e que você é um chato.
3 -
Quais os autores que você tem como referência para desenvolver suas atividades
em sala de aula?
Paulo Freire, para mim, é o único autor que
fala com autoridade sobre educação, pois ele vê a verdadeira essência da educação.
Para ele a educação liberta.
4 –
Como se deu inicio a sua carreira em educação?
Eu sempre gostei muito de ler, e minha
família tinha uma escola. Eu tinha vontade de ser psicóloga, mas o curso de
psicologia só tinha em Natal, e eu não estava preparada suficientemente para
fazer um vestibular na UFRN, pois para fazer o vestibular precisava ter domínio
em todas as áreas e o curso que queria era muito concorrido, e eu só me
identifico com as humanas. Meu irmão me propôs fazer o vestibular na área de
Licenciatura, para poder me preparar para ensinar na escola da família, e assim
eu fiz.
Na verdade não ensinei por vocação, pois há
muitas realidades nas escolas que não concordo, não tolero hipocrisia.
Desde 1999 que ensino, entre atuações e
desistências, ensinei até 2012, onde desisti definitivamente de atuar na área
de educação, por não acreditar no modelo educacional que aí está.
5 –
Sabemos que a participação da família no processo educativo é algo complicado
de se alcançar, porém sua concretização trás muito êxito ao desenvolvimento da
aprendizagem do aluno. O que você desenvolve ou até, mesmo, sugere que seja
feito para aproximar os pais à sala de aula de seus filhos?
Para chamar atenção dos pais, é preciso
modificar primeiro a sociedade. Muitos pais veem a escola como um lugar para
garantir a bolsa escola, outros um lugar para o filho ir para não ficar por aí,
ou um lugar pra aprender a ler, escrever e contar. E há até alguns que
acreditam que a escola vai modificar a vida de seu filho, esses não precisam
ser atraídos, pois já são ativos na educação de seu filho.
Quanto a escola, precisa ter,
primeiramente, credibilidade e exemplos para mostrar a comunidade, pois o
exemplo convence. Sem essa realidade, não é possível fazer com que os pais
acreditem, nem se aproximem da escola.
6 – Como
você lida com a interdisciplinaridade na escola?
A interdisciplinaridade é um dos melhores
caminhos para transformar o conhecimento em algo concreto. Mas é muito raro
observar práticas interdisciplinares, pois os professores confundem
interdisciplinaridade com projetos interdisciplinares. Não precisa de um
projeto para agir de forma interdisciplinar, basta que haja diálogo entre as
disciplinas e pôr em prática atitudes inovadoras que tenham um respaldo real.
A dificuldade é que, os professores
reclamam da educação tradicional, mas não largam a prática de uma educação
mecanicista e conteudista.
7 – Ser
professor nem sempre corresponde as mesmas condições de trabalho, inclusive as
diferenças entre as modalidades de ensino. Você acha que atuar no Ensino
Fundamental e no Ensino Médio requer uma prática diferenciada de quem atua na
educação infantil ou até mesmo nos anos iniciais do ensino fundamental?
Sem dúvida, o tratamento não pode ser o
mesmo, são níveis diferentes que precisam ser tratados de forma diferente. Nem
mesmo salas de aula de mesmo nível de ensino são iguais, cada sala de aula, ou
até mesmo, cada aluno é um mundo.
8- O
curso de pedagogia é conhecido pela criatividade que seus alunos dispõem para
realizações de oficinas literárias, oficinas pedagógicas, entre outras. Você acredita que em todos os níveis do ensino
mesmo com professores específicos, requer mais essa atividade que envolva o
aluno através da ludicidade?
Com certeza, o conhecimento é lúdico, se o
aluno não consegue abrir sua mente de forma criativa, ele vai se fechar e não despertará
habilidades adormecidas. Atividades diferentes do tradicional “quadro e giz” e
“aula expositiva” fazem com que os alunos mostrem outras formas de conhecimento
e atitudes que são cruciais ao convívio social.
9 –
Pretende fazer especialização, se sim, qual área almeja?
Já comecei duas especializações na área de
História, mas desisti. A primeira foi História do Nordeste: desisti por ser
muito rígida, era de segunda a sexta, das 7:00 às 11:20, como eu optei por ser
independente, só tinha lan house como sustento, precisava cuidar do meu negócio
e desisti.
A segunda foi em História do Brasil: era o
inverso da primeira, tinha somente aula uma vez por mês, uma disciplina por
sábado, resumida em 08 horas, faltava qualidade. Acho que não adianta estudar
só para obter um título, os cursos devem ter um mínimo de decência.
Gosto de estudar, e quero fazer
especialização, mas não na área de ensino, pois desisti de ensinar, e sim na
área jurídica.
10 –
Qual a sua mensagem para aqueles que ainda encontram-se nos bancos
universitários objetivando ingressar na carreira docente?
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